"Dê livros de presente nesta Páscoa"
segunda-feira, 26 de março de 2012
quinta-feira, 15 de março de 2012
Os 10 mandamentos do leitor
Os
10 mandamentos do leitor são:
1. O direito de não ler.
2. O direito de pular
páginas.
3. O direito de não ler um
livro inteiro, até o final de capa a capa.
4. O direito de reter,
quantas vezes quiser.
5. O direito de ler qualquer
coisa, não importa o quê.
6. O direito de acreditar
nos livros (a quem sabe até ao bovarismo, uma doença "textualmente
transmissível").
7. O direito de ler em
qualquer lugar, não importa onde.
8. O direito de ler uma
frase aqui e outra ali, pulando de livro em livro.
9. O direito de ler em voz
alta e de contar histórias.
10. O direito de não falar
do que leu.
DANIEL
PENNAC
quarta-feira, 14 de março de 2012
Dia da Poesia - 14 de Março
Retrato
Eu não tinha este rosto
de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
CECÍLIA MEIRELES
segunda-feira, 12 de março de 2012
NÃO RECOLOQUE OS LIVROS NA ESTANTE
Aqueles que frequentam bibliotecas, ou que já entraram numa, devem ter visto alguns cartazes em lugares estratégicos dizendo pra não repor os livros na estante. Durante os meus mais de 10 anos de vício em frequentar bibliotecas eu nunca tinha entendido o porquê de tal pedido. Pensava que era simplesmente por que quando os usuários descuidados tentam recolocar os livros na estante eles podem rasgá-los ou amassá-los.
Então, pensando dessa forma, não que antes eu fosse descuidado com os livros, eu sempre procurava recolocar os livros na estante com o maior cuidado possível para não amassá-los ou rasgá-los. Mas, como eu sempre tinha dúvida sobre se esse era o real motivo pelo qual os bibliotecários imploravam para não repor os livros em seus lugares, sempre antes de repor os livros eu olhava ao meu redor para certificar-me de que nenhum do funcionários estava por perto para repreender-me.
Além disso, sempre tentava recolocar o livro no lugar exato, ou o mais próximo possível de onde ele tinha sido tirado, pois depois de algum tempo passei a pensar que esse era o principal motivo pelo qual imploravam para que os livros não fossem repostos pelos usuários.
No entanto, durante todos esses anos eu, na maioria das vezes, quando ia à biblioteca, não ia procurar por algum livro específico, ia simplesmente procurar "algo interessante" para ler. Seguia os cartazes informativos e pronto. Me guiava pelos temas. Por exemplo: LITERATURA FRANCESA 840 A 842, LITERATURA INGLESA 803 A 827, etc. Então, quando queria ler algo de Sartre, procurava as prateleiras que tinham números entre 840 e 842, por exemplo.
Porém, passei a ser mais específico em minhas buscas por "algo interessante pra ler" e comecei a procurar livros específicos. Foi então que comecei a usar os catálogos dos livros das bibliotecas e percebi que havia, além do número da prateleira, uma codificação para cada livro. Por exemplo, o código do livro A idade da razão de Sartre poderia ser 840 S251i. A partir daí, percebi a importância de não recolocar os livros na estante. Um livro trocado de lugar impossibilita que ele seja encontrado. Nem o mais experiente bibliotecário consegue achá-lo, principalmente se prateleira estiver trocada.
Essa semana tentei pegar um livro na biblioteca. Fui ao catálogo, peguei o código, fui à prateleira. Mas, cadê o livro? Fui ver se estava emprestado, não estava. Perguntei ao funcionário, ele também tentou encontrar e nada. Para me deixar ainda mais desesperançado, o funcionário disse:
- Ah, meu filho, esse livro só vai ser encontrado por acaso, "algum dia", quando eu estiver arrumando alguma prateleira, ele estiver lá e eu perceber que ele está no lugar errado.
posted by Prometeu in http://prometeuacorrentado.blogspot.com/2006/10/no-recoloque-os-livros-na-estante.html
segunda-feira, 5 de março de 2012
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Sociedade de mulheres viris
Existem pessoas frágeis, mas sexo frágil, esqueça. As mulheres nunca estiveram tão fortes, decididas, abusadas até. O que é saudável: quem não busca corajosamente sua independência acaba sobrando e vivendo de queixas. Uma sociedade de homens e mulheres que prezam sua liberdade e atingem seus objetivos é um lugar mais saudável para se viver. Realização provoca alegria.
O que não impede que prestemos atenção no que essa metamorfose pode ter de prejudicial. As mulheres se masculinizaram, é fato. Não por fora, mas por dentro. As qualidades que lhes são atribuídas hoje, e as decorrentes conquistas dessa nova maneira de estar no mundo, eram atributos considerados apenas dos homens. Agora ninguém mais tem monopólio de atributo algum: nem eles de seu perfil batalhador, nem nós da nossa afetividade. Geração bivolt. Homens e mulheres funcionando em dupla voltagem, com todos os atributos em comum. Mas seguimos, sim, precisando uns dos outros – como nunca.
Não são poucas as mulheres potentes que parecem conseguir tocar o barco sozinhas, sem alguém que as ajude com os remos. Mas é só impressão. Talvez não precisemos de quem reme conosco, mas há em todas nós uma necessidade ancestral de confirmar a fêmea que invariavelmente somos.
E isso se dá através da maternidade, do amor e do sexo. Se não for possível ter tudo (ou não se quiser), ao menos alguma dessas práticas é preciso exercer na vida íntima, caso contrário, viraremos uns tratores. Muito competentes, mas com a identidade incompleta.
Nossa virilização é interessante em muitos pontos, mas se tornará brutal se chegarmos ao exagero de declarar guerra aos nossos instintos.
Ok, ser mãe não é obrigatório, ter um grande amor é sorte, e muitas fazem sexo apenas para disfarçar o desespero da solidão, mas seja qual for o contexto em que nos encontramos, é importante seguir buscando algo que nos conecte com o que nos restou de terno, aquela doçura que cada mulher sabe que ainda traz em si e que deve preservar, porque não se trata de uma fragilidade paralisante, e sim de uma característica intrínseca ao gênero, a parte de nós que se reconhece vulnerável e que não precisa se envergonhar disso. Se é igualdade que a gente quer, extra, extra: homens também são vulneráveis.
“Cuida bem de mim”, dizia o refrão de uma antiga música do Dalto, e que Nando Reis regravou recentemente. Cafona? Ora, se a gente não se desfizer da nossa prepotência e não se permitir um tantinho de insegurança e delicadeza, a construção desta “nova mulher” terá se desviado para uma caricatura. A intenção não era a gente se transformar no estereótipo de um homem, era?
Cuide-se bem, e permita que os outros lhe cuidem também. Viva o dia internacional dessa porção mulher que anda resguardada demais, mas que não deveria ficar assim tão escondida: não nos desmerece em nada.
MARTHA MEDEIROS
Jornal Zero Hora - 04 março 2012
Assinar:
Postagens (Atom)